MOLDES PARA ROSCADOS INTERIORES E EXTERIORES

Frame de uma animação flash disponível para download (cortesia Hasco).

Frame de duas animações (Collapsible Core e Unscrewing Device) (cortesia DME).

Quando as peças a moldar, têm roscas interiores e exteriores, só interiores ou exteriores, e que têm que ser feitas durante a injecção, para serem extraídas tem que se dotar o molde com mecanismos que permitam dar movimento de rotação às peças de aço, normalmente buchas, onde as roscas foram maquinadas (torneadas).

Este é o tipo de molde de DESENROSCAMENTO.
Para se projectar um molde de DESENROSCAMENTO, é necessário respeitar algumas regras para que o molde desempenhe bem a sua função de extrair as peças e as roscas saiam perfeitas:

  • Saber exactamente o valor do passo da rosca e utilizá-lo nos cálculos com precisão aos centécimos
  • Dar aumento de contracção sempre ao valor do passo da rosca por muito pequeno que seja.

Exemplo: um passo de 0,6 milímetros e um aumento contracção de 1,5% dará um passo final a maquinar no aço de 0,61. Aumentou 0,01.

Se aquele centécimo for desprezado, por exemplo, em 10 passos, a peça ficará mais pequena 0,1m/m, não podendo roscar.
Se temos uma rosca e sabemos o seu número de fios e o seu comprimento, para se calcular o passo divide-se o seu comprimento pelo n.º de fios.

Comprimento = 12mm
Número de fios = 20
Passo = 12/20 = 0,6m/m

Calcular o n.º de rotações que as buchas têm que dar para extrair as roscas nas peças plásticas.
Sabendo o valor do passo, exemplo acima, 0,6m/m e o comprimento da mesma 12m/m, a este comprimento dá-se um aumento cerca de 20%:

Nota: Em roscas com maiores comprimentos utilizar cerca de metade daquela percentagem.

A seguir, divide-se 13,2 pelo valor do Passo 0,6 e teremos o número de rotações 22 que as buchas roscadas terão que realizar, para se libertarem com folga, da rosca plástica.
Escolher a concepção do molde, em relação à máquina de injecção, às dimensões das peças a moldar, ao n.º de cavidades, tipo de injecção e extracção.
Escolher o módulo para construção das engrenagens tendo como regra que, módulos maiores dão dentes mais robustos suportando maiores esforços.
Em relação à rosca acima, por ser pequena, recomenda-se módulo 1,75.

Nota: Existem tabelas c/ indicação dos módulos Standarizados.

Sabendo que as dimensões da peça são bastante pequenas, leva-nos à conclusão que as rodas dentadas, também poderão ser relativamente pequenas.
Escolhendo o módulo M=1,75 e com os outros elementos já conhecidos, permite-nos ter uma ideia sobre os diâmetros das rodas dentadas a utilizar.
Considerando que o Diâmetro primitivo pode ser D=24,5, a partir daqui teremos os elementos necessários para calcular o resto das engrenagens, utilizando as seguintes fórmulas:

D = MZ
D = Diâmetro primitivo 24,5 da rodas dentadas mandadas
M = Módulo já escolhido – M=1,75
Z = Número de dentes
P = Passo das rodas dentadas mandadas
p = 3,14

Para calcular o n.º de dentes aplicar-se-á a seguinte fórmula:
De acordo com os cálculos acima e as dimensões gerais do molde podemos concluir que o diâmetro primitivo da roda mandante será 105m/m.
Utilizando a seguinte fórmula:

D = Diâmetro Primitivo rodas mandadas = ø24,5
D´= Diâmetro Primitivo roda mandante = ø105
N = Numero Rotações para desenroscar = 22 rotações
N´= Numero Rotações da roda mandante que faz rodar as rodas mandadas, calcula-se através daquela fórmula dando 5,13 rotações.

A roda mandante tem que ter um número de dentes Z múltiplo do número de dentes das rodas mandadas.

TRANSMISSÃO ROTAÇÕES À RODA MANDADA E EXTRACÇÃO

A transmissão das rotações à roda mandada pode ser por vários sistemas, mas os mais utilizados são os que abaixo se indicam:

    • Sistema de fuso fixo na metade do molde lado da injecção que faz rodar uma porca. Fig. 1/1-A
    • Sistema de fuso que roda por acção de uma porca fixa. Fig. 2
    • Cremalheira – Fig. 3, 3-A, 3-B
    • Motor Hidráulico – Fig. 4,5,6,7

Existem outras alternativas para se fazerem as roscas:

  • Bucha Colapsible – Fig. 8, 9 e 9-A
  • Por processo manual depois da moldação.

A transmissão de rotações e extracção das peças com roscas pode ser feita por vários processos:

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O molde quando começa a abrir devido ao passo da rosca da Porca e do Fuso ser grande obriga a porca a rodar. Como nela está acoplada a roda mandante, põe a bucha a rodar, permitindo que ao mesmo tempo ela desenrosque da peça plástica e rosque no casquilho A.
Aquele casquilho tem que ter a rosca com o mesmo passo da rosca na peça plástica.
Durante a abertura do molde, através do limitador B, a chapa extractora pára, originando que a peça plástica seja extraída.

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No fim do molde abrir, a porca A recebe movimento através das chapas extractoras ou outro mecanismo ligado ao sistema de extracção da máquina de injecção.
Por acção do passo da rosca da porca com o do fuso, põe este a rodar originando que a bucha B também rode, mas sem movimento no sentido do seu centro.
Como a bucha não se afasta da rosca plástica, então utiliza-se a roda dentada C engrenada na bucha B, que por meio de um veio que tem numa extremidade rosca esquerda com o mesmo passo da rosca a extrair, quando roda o veio actua na chapa extractora extraindo a peça plástica.

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Mostra que no fim do molde abrir o cilindro faz mover a cremalheira em 2 sentidos.

Quando puxa a cremalheira esta põe a bucha a desenroscar da peça plástica. A barra que está apertada numa face da cremalheira e tem uma face ângulo, quando a cremalheira se movimenta em direcção ao cilindro a face inclinada desliza na face inclinada da peça B, originando que o perno C actue na chapa de extracção em simultâneo com o começo e durante o desenroscamento da bucha, originando a extracção da peça.
Para que a força que o perno C exerce na chapa de extracção não destrua a rosca plástica durante a sua extracção, é necessário que o ângulo das faces de contacto das barras A e B esteja de acordo com o passo da peça plástica. Para se saber os seus ângulos, divide-se o valor do passo P da rosca plástica pelo perímetro do diâmetro primitivo DP da roda dentada, que engrena com a cremalheira.
Para se calcular o curso da cremalheira, multiplica-se o número de rotações que dá a roda mandada pelo seu perímetro.

Neste tipo de desenroscamento é necessário que as buchas tenham rolamentos para que:

  • Rodem sem grande atrito (esforço)
  • Suportem a pressão de injecção.

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Mostra que no fim do molde abrir, o cilindro faz mover a cremalheira, que por sua vez põe o veio A e a roda cónica B a rodar, originando que a roda C também rode. A roda C que é cónica têm no seu interior dentes que estão em contacto com os dentes de todas as rodas dentadas mandadas D.
Quando aquela roda faz rodar as buchas, elas começam a roscar no casquilho E afastando-se da rosca plástica até que a peça caia automaticamente. Neste tipo de molde não existe nenhum tipo de movimento extra da extracção.

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Mostra outro tipo de molde com desenroscamento feito por ataque directo da cremalheira às buchas, as quais, neste caso, estão na posição horizontal. A cremalheira ao mover-se origina que a bucha desenrosque do plástico e permite que os extractores extraiam as peças.

Sistemas de transmissão de rotações por motor hidráulico

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A extracção é feita por barra extractora accionada por cilindro hidráulico.
Por acção do motor hidráulico as buchas rodam, mas como têm rolamentos não se afastam do plástico. Durante a sua rotação o cilindro actua na chapa de extracção, extraindo as peças.

Nota: Este tipo de extracção só é aconselhado para peças com rosca bastante robustas. Nunca utilizar em roscas finas (passos pequenos).

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Mostra um sistema de desenroscamento lado da cavidade.

Com a injecção já feita e o molde fechado, o motor hidráulico faz rodar o pinhão de ataque e este faz rodar a roda mandada. A roda mandada tem estrias no seu interior onde desliza a bucha. Quando a bucha desenrosca através da rosca, peça D, e das estrias com a roda mandada desliza no interior da mesma afastando-se da rosca plástica.
Como tem um disco A na sua extremidade, este vai ao encontro do Microswitch B que desliga o circuito hidráulico e faz parar o motor hidráulico, porque a bucha já está livre do plástico.
Seguidamente, os extractores extraem a peça. Para a próxima injecção e com o molde aberto o motor hidráulico é posto a trabalhar, originando que a bucha rosque até o seu disco A contactar o Microswitch C e o movimento de roscamento termine dando condições para que a máquina feche e se proceda a nova injecção.

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Motor hidráulico ataca uma roda dentada apertada à bucha.

A peça plástica é moldada do lado da extracção e tem frisos na sua parede externa. Quando a bucha roda a peça plástica devido aos seus frisos não pode rodar, obrigando que ela saia do aço e seja automaticamente extraída. A figura mostra um sistema de extracção só para extrair o gito.

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Mostra uma peça com dois sistemas de desenroscamento diferentes. A rosca na base da peça é extraída por 2 movimentos inclinados por acção da abertura do molde. Nestas situações a rosca tem que ser interrompida ao meio. Ver Fig. 9-A.
A rosca do topo da peça é extraída por um sistema idêntico ao da figura 6. Quando a bucha roda com o molde aberto, faz descer a peça plástica.
Finalmente, é extraída por sistema de extracção independente.

EXTRACÇÃO ROSCAS POR BUCHA COM SEGMENTOS ELÁSTICOS – “BUCHA COLLAPSIBLE”

Este tipo de bucha usa-se especialmente em tampas roscadas pequenas.
Na figura 8 verifica-se que a bucha é composta por 6 segmentos, os quais são de aço tipo mola “S7”.
No interior dos segmentos existe um perno ou extractor fixo que tem a sua ponta cónica. A bucha é alojada nas chapas ex010205jtractoras como se fosse um extractor tubular. Devido à pressão que os 6 segmentos elásticos fazem contra a zona cónica do perno/ extractor fixo, quando a bucha se move para a frente e desliza no diâmetro cónico interior, o seu diâmetro exterior onde está maquinada a rosca diminui tornando-se mais pequeno que a peça plástica, permitindo que finalmente o prato extractor extraia a tampa.

BUCHA COLLAPSIBLE PARA PEÇAS ROSCADAS MÉDIAS E GRANDES

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Em algumas situações pode-se evitar o molde de desenroscamento, desde que se interrompa a rosca da peça plástica, conforme mostrado na figura 9-A, para que se possa utilizar o tipo de molde fig. 9.
A bucha do molde tem duas faces cónicas e, na zona central não tem rosca. Nas faces cónicas deslizam dois elementos móveis que na sua extremidade tem maquinado o perfil da rosca. Quando os movimentos vão para a frente por acção da guias inclinadas, a rosca nos 2 elementos móveis fecha e a peça plástica fica livre para ser extraída através do prato extractor.