CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS DO AÇO PARA FERRAMENTAS DE TRABALHO A QUENTE

O aço AISI H13 é um aço ligado ao crómio-Molibdénio-Vanádio, para ferramentas de trabalho a quente, e caracterizado por:

  • Boa resistência ao choque térmico e fadiga térmica;
  • Boa resistência a quente;
  • Boa tenacidade e ductibilidade;
  • Boa maquinabilidade e bom polimento;
  • Boa temperabilidade;
  • Boa estabilidade dimensional na têmpera.
Composição Química
C
0,39%
Si
1,0%
Mn
0,4%
Cr
5,3%
Mo
1,4%
V
0,9%
Normas
AISI H13; WNr 1.2344; DIN X40CrMoV5.1
Estado de Fornecimento
Recozido com 185 HB (aproximadamente)

APLICAÇÕES

É um aço muito utilizado para:

  • Moldes para plásticos;
  • Ferramentas para fundição injectada de várias ligas;
  • Ferramentas para estampagem a quente;
  • Ferramentas para extrusão a quente;
  • Lâminas para corte a quente;
  • Punçonagem severa a frio, tesouras corte de sucata;
  • Encalque e extrusão a frio;
  • Rolos de laminagem a quente de ligas de cobre;
  • Rolos de suporte para laminador (SENDZIMIR);
  • Orgãos sujeitos a grandes esforços (cilindros de compressão, êmbolos, aros, etc.
  • Orgãos resistentes ao desgaste.

PROPRIEDADES

Dados Físicos

Temperatura
ºC
20
400
800
Massa Volúmica
Kg/m3]
7.800
7.700
7.550
Módulo de Elasticidade
N/mm2
194.000
173.000
125.000
Coeficiente de dilatação térmica
Por ºC (desde 20ºC)
12×10-6
13.9×10-6
Por ºF (desde 68ºF)
7.0×10-6
7.7×10-6
Condutibilidade térmica
W/mºC
24.6
26.2
27.6
Calor específico (20º)
J/Kg ºC
461
1 N/mm2 = 0.102 Kp/mm2

Tensão de ruptura

Dureza
52HRC
45HRC
Tensão de ruptura
KP/mm2
185
145
N/mm2
2050
1820
1420
Tensão limite convencional de elasticidade 0.2%
KP/mm2
155
130
Coeficiente de estricção
45%
55%
Extensão após-rotura 5 d0
10%
12%

Resistência ao Choque

Resistência ao choque de provetes revenidos a diferentes temperaturas

Tensão de Ruptura a Temperaturas Elevadas

Dureza a Temperaturas Elevadas

Maquinagem

Torneamento
Torneamento com ferramentas de carboneto
T. Desbaste
T. Médio
T. Acabamento
Profundidade de corte
mm
Mín. 10
1 – 10
Máx. 2
Avanço
mm/r
Mín. 1.0
0.3 – 1.0
Máx. 0.3
Grupo de Maquinagem ISO
P30 – P40
P20 – P30
P10
Velocidade de corte
m/min
60-100
80-140
130-200
Fresagem
Desbaste
Acabamento
Profundidade de corte
mm
Mín. 2
Máx. 2
Avanço
mm/dente
Mín. 0.2
Máx. 0.2
Grupo de maquinagem ISO
Ferramenta de carboneto
P30-P40
P10-P20
Velocidade de corte
m/min
50-100
80-140
Ferramentas em HSS
15-25
20-40

Soldadura

No Anexo 1, seguirão informações adequadas.

Tratamento Térmico

Este tema será abordado com maior detalhe no capítulo 4.0 deste sub-produto. Entretanto, seguem-se alguns dados específicos sobre T.T. deste aço.

Recozimento

O recozimento, deve ser feito da seguinte forma; proteger o aço e aquecer até 850ºC. Arrefecer até 650ºC, a uma velocidade de 10ºC/h, podendo prosseguir o arrefecimento ao ar calmo.

Redução de Tensões

Após desgaste bruto, a ferramenta deve ser aquecida até 550ºC, podendo prosseguir o arrefecimento ao ar calmo.

Têmpera

Na têmpera, a temperatura de pré-aquecimento deve situar-se entre os 600ºC e 850ºC, a temperatura de austenitização, é normalmente de 1020ºC e a amplitude de temperatura para a têmpera deve estar compreendida entre os 980ºC e 1080ºC.

Temperatura
Tempo de permanência em minutos
Dureza após têmpera HRc
ºC
ºF
980
1800
45
50 ± 3
1050
1920
30
53 ± 3
1080
1980
15
55 ± 3

Para reduzir a descarbonação utilizam-se os seguintes meios:

  • banho de sais neutros;
  • empacotamento em papel ou em aparas de ferro fundido queimadas;
  • vácuo;
  • atmofera protectora de gás endotérmico.

Meios de arrefecimento:

  • ar calmo ou jacto de ar seco;
  • banho de sais a 250-550ºC, deixando estabilizar e prosseguindo o arrefecimento ao ar (Martempera);
  • óleo.

Nota: revenir após têmpera, com peças ainda quentes (70-100ºC)

Dureza, Tamanho de Grão e Austenite Residual

Dureza, tamanho de grão e austenite residual, em função da temperatura de austenitização

Revenido

  • Escolher a temperatura no gráfico de revenido de acordo com a dureza requerida. Ter em consideração que a dureza também varia em função do tempo de permanência;
  • Temperatura mínima de revenido 180ºC, durante 1 hora;
Dureza em função da espessura
Variações dimensionais no revenido

Nota: devem adicionar-se as variações dimensionais da têmpera às do revenido.

Cementação

As ferramentas do aço AISI H13 destinadas a trabalhar a temperaturas inferiores a 500ºC, podem beneficiar duma alta dureza superficial caso sejam cementadas (58 ± 3 HRc). Evita-se, porém, a cementação acidental das ferramentas para trabalho a elevadas temperaturas.

As condições para efectuar a cementação são:

  • Temperatura de Cementação: 900ºC;
  • Temperatura de Austenitização: 980ºC;
  • Arrefecimento ao ar ou em banho de sais (Martempera);
  • Revenir a 250ºC ou, em alternativa, a 525ºC;
  • Deve ser feito um segundo revenido após arrefecimento total do primeiro;
  • Dureza superficial 58 ± 3 HRc.
Tempo à temperatura de cementação
(horas)
Profundidade aproximada da camada cementada
(mm)
2
0,35
4
0,65
16
1,30

Nota: usar um cementante fraco.

Nitruração

  • A nitruração origina uma superfície dura, muito resistente ao desgaste e à erosão.
  • Nas matrizes de fundição injectada, a nitruração facilita a desmoldagem.
  • A camada nitrurada, é frágil e pode fissurar quando sujeita a choques térmicos ou mecânicos.
  • O risco de fissuração aumenta com a espessura da camada.
  • Antes da nitruração, a ferramenta deve ser temperada e revenida, 50ºC, acima da temperatura de nitruração.
Profundidade aconselhada para a camada nitrurada
Ferramenta
Profundidade recomendada (mm)
Matrizes para fundição injectada
0,10-0,15
Moldes para plásticos
0,20-0,30
Extractores, órgãos sujeitos ao desgaste
0,30

Cromagem dura

O aço AISI H13, pode ser cromado duro.

  • Após este tratamento, recomenda-se um revenido de 4 horas a 180 ºC, para reduzir a fragilidade provocada pelo hidrogénio;
  • Revenir imediatamente após cromagem.

Maquinagem por E.D.M.

Se a electroerosão for realizada com uma ferramenta já tratada termicamente, esta deverá sofrer um revenido adicional, a uma temperatura de 25ºC, mais baixa que a do revenido previamente efectuado.
Informação mais detalhada sobre este tipo de maquinagem, está descrita no Anexo 2.

Rectificação

Devem seguir-se técnicas correctas de rectificação, tendo em atenção que as ferramentas sujeitas a revenidos baixos, são muito sensíveis à rectificação, podendo fissurar facilmente.

Recomenda-se:

  • mós apropriadas, bem limpas e equilibradas;
  • jacto de refrigerante abundante e bem dirigido;
  • velocidades periféricas adequadas.

Polimento

O aço AISI H13, no estado de temperado e revenido, permite a obtenção dum excelente polimento.

Abordaremos pormenorizadamente este ponto, no Anexo 4.

Nota: Numa superfície já perfeitamente polida, pode começar a apresentar-se irregular e rugosa (casca de laranja), quando se ultrapassa determinada fase de polimento.

Molde para plástico em aço H23 com elevado grau de polimento