A Nitruração é um tratamento Termo-Químico, de difusão de azoto nas superfícies das peças, por aquecimento a temperaturas adequadas e durante um certo tempo.
Os processos mais vulgares de nitruração são os seguintes:
Nitruração em pó | ||
Nitruração em sais (Tenifer) | ||
Nitruração em gás | ||
Nitruração rápida com gases auxiliares | ||
Nitruração iónica |
Na eventualidade de também existir difusão de carbono, o tratamento é designado por nitrocarbonação.
O azoto, tal como o carbono, é difundido no espaço interatómico (parâmetro) da ferrite, provocando uma dilatação e distorção da rede cristalina que origina um aumento de dureza e melhoria de outras características.
![]() |
|
Figura 16 | Inserção de um átomo de azoto no espaço interatómica de ferrite (represenção esquemática) |
Após a saturação e distorção da rede, formam-se, com a contínua dilatação do azoto, ligas intermetálicas.
Na prática, os que têm mais significado são:
![]() |
nitreto g (solução sólida secundária de composição Fe4N) que é o mais tenaz |
![]() |
nitreto e (solução sólida secundária de composição Fe2-3 N) de estrutura hexagonal composta que é o mais duro e resistente ao desgaste. |
O diagrama de equilíbrio Fe-N, mostra a existência das soluções sólidas intersticiais de azoto.
![]() |
|
Figura 17 | Diagrama Ferro-Azoto |
A película nitrurada é normalmente composta por duas camadas:
![]() |
A camada de ligação superficial ou camada branca, joga um papel essencial no comportamento das peças em serviço, melhora a resistência à corrosão, ao desgaste, à fadiga térmica, evitando certos problemas de gripagem. |
![]() |
A camada de difusão, logo abaixo da superfície, é responsável pela recepção de cargos oscilantes. A precipitação de nitretos nas juntas dos grãos afecta as suas características. |
![]() |
A resistência ao desgaste e à dureza, devem baixar progressivamente para o interior da camada nitrurada. |
Os meios utilizados para a nitruração, e que dão o nome ao tratamento, são:
![]() |
Sólido (pó) |
![]() |
Líquido (banhos de sais) |
![]() |
Gasoso e por plasma (iónicos, de incandescência, etc.) |
Nos banhos de sais (Tenifer ou outro), existe sempre difusão de carbono, além do azoto, razão pela qual este tratamento deve designar-se por Nitrocarboração.
A profundidade de Nitruração varia entre 0,01 mm e 0,8mm, excepto nos banhos de sais (Tenifer ou outro) que é, no máximo 0,035mm. A camada de ligação tem 2 a 25 microns.
A profundidade de nitruração é tanto maior quanto maior for a temperatura e o tempo do tratamento e é seleccionada em função da espessura, solicitação da ferramenta e a dureza do metal base.
Em paredes muito finas, até 2mm, é aconselhável 3 a 10% da espessura da parede.
A nitruração provoca um aumento de volume de cerca de 5 microns por superfície, em particular nas arestas.
![]() |
|
Figura 18 | Aumento das arestas na nitruração |
Por este motivo, sejam elas de corte, de linhas de junta, de caixas, dos postiços moldantes ou não, etc, devem ser “cegas” e sempre que possível terem raios (é aconselhável após nitruração “rectificar manualmente” os planos que definem as arestas referidas).
Em alguns casos, devem ser utilizadas, para inibir a difusão nas arestas, tintas próprias para esta protecção.
![]() |
A dureza na superfície nitrurada, varia entre 150 e 1250 HV2. |
![]() |
Todos os aços podem ser nitrurados, se bem que as durezas máximas só se alcançam naqueles com elementos de liga que formem nitretos (Al, Cr, Mo, V e W). |
A dureza do aço-base depende das solicitações das ferramentas e tem que apoiar a película dura da nitruração para não fissurar.
Por isso, as peças devem ser temperadas e revenidas para a dureza adequada ou serem executadas em aços pré-tratados, com cerca de 30 a 40 HRc.
A nitruração de aços recozidos só é admissível para peças sujeitas a puro atrito, e desde que não se deformem plasticamente.
A temperatura de nitruração é, em geral, de 520/550ºC, excepto nos banhos de sais que é de 570ºC.
No processo iónico pode-se nitrurar a partir dos 650ºC, dado o aquecimento das peças se realizar com bombardeamento de iões. É uma vantagem particularmente importante por permitir aumentar a dureza do metal base e evitar que as camadas finas de nitruração (ver exp: nos cunho e cortantes) partam nas arestas tipo casca de ovo.
![]() |
A grande vantagem dos processos de nitruração relativamente a todos os outros termo-químicos, é realizarem-se a temperaturas que não originam transformações estruturais e, por consequência, deformações. |
![]() |
Desde que sejam respeitados os procedimentos mencionados, as peças a nitrurar podem e devem ir totalmente acabadas para este tratamento. |
![]() |
As ferramentas temperadas para nitrurar têm que ser revenidas de 20 a 50ºC acima da temperatura de nitruração. A dureza obtida após o tratamento térmico tem que ser compatível com as solicitações das ferramentas e depende da resistência ao revenido do aço seleccionado. |
![]() |
A nitruração parcial só não é possível em banhos de sais. |
![]() |
Os aços pré-tratados ou os recozidos que não foram temperados, que sejam para nitrurar, têm que ter uma redução de tensões após o desbaste e antes do pré-acabamento, senão podem deformar na nitruração. |
![]() |
A textura química deve ser realizada antes da nitruração. Caso contrário pode originar texturas defeituosas. |
![]() |
O polimento final deve ser dado após a nitruração. |
![]() |
As peças temperadas em sais, para nitrurar por outros processos, não podem levar consigo nenhum resíduo desses sais. |
São diversos os campos de aplicação da nitruração:
![]() |
Ferramentas de corte, extrusão, punções, sem-fins, fusos, rodas dentadas, etc… |
![]() |
Nas moldes, para evitar o encalcamento das linhas de juntas, elementos móveis nos extractores, balancés, para melhorar o polimento e o seu tempo de vida e para os moldes de injecção de metais leves, evitando assim a “colagem” das peças facilitando a extracção. |