A escolha de um ajustamento é um problema delicado, visto depender de vários factores. Esses factores podem ser:
- Acabamento superficial, pois se este acabamento for mau, não se poderá obter uma boa qualidade do ajustamento;
- Dimensões das superfícies em contacto, visto existir tanto mais aperto, quanto maior forem as superfícies em contacto, com o mesmo tipo de ajustamento;
- Variação da temperatura, que se traduz numa modificação do tipo de ajustamento. Isto deve-se ao facto das peças contraírem ou dilatarem devido ao aquecimento que é provocado pelo atrito das superfícies em movimento, ou quando há fontes de aquecimento exterior.
- Viscosidade do lubrificante empregue, que deve estar de acordo com o ajustamento, carga, movimento relativo, etc.
O par de ajustamento pode ser escolhido tendo como base a sua aplicação.
De notar que, cada tipo de ajustamento tem um método para ser montado, dependendo da folga ou do aperto existente. Assim, teremos de saber se desejamos que haja folga ou aperto e qual é o espaço disponível para isso.
Para essa escolha, pode-se consultar a seguinte tabela:
Acoplamentos que correm axialmente sem exigências de precisão, com sede longa ou com cargas baixas. | ||
Em peças cujo funcionamento necessita de jogos amplos devido à dilatação, mau alinhamento e sustentação dinâmica imperfeita. | ||
Acoplamentos que rodam a alta velocidade, com centragem imperfeita e sustentação dinâmica imperfeita. | ||
Partes rotativas de alta precisão, com cargas bastante fortes, lubrificação racional e suspensão hidrodinâmica correcta. | ||
Acoplamentos que rodam com velocidades periféricas médias (2 a 4 m/s), com boa centragem. Acoplamentos com movimento axial alternado a médias e altas velocidades ( 0,6 m/s) | ||
Centragem e acoplamentos de alta precisão, deslocáveis axialmente, ou dotados de movimento rotativo lento ou de caracter oscilatório, com lubrificação incerta. | ||
Igual ao anterior, mas de menor precisão. | ||
Acoplamento de precisão, de partes reciprocamente paradas, destacáveis à mão. Espaços fixos de centragem de alta precisão, acoplamentos estreitos deslizáveis axialmente, geralmente em espaços curtos. | ||
Igual ao anterior, mas de menor precisão. | ||
Acoplamentos bloqueados, não desmontáveis à mão. | ||
Para órgãos fixos reciprocamente, que podem ser montados somente com forte pressão. Os dois órgãos são seguros contra rotação e escorregamento. | ||
Acoplamentos bloqueados, não desmontáveis. Para partes acopladas a serem consideradas como uma só peça, não desmontáveis e capazes de transmitir grandes esforços axiais. Não necessita de órgãos de união. | ||
Para obter os desvios e tolerâncias correspondentes às várias combinações posição/qualidade do veio e do furo bem como o tipo de ajustamento correspondente pode recorrer à nossa Folha de Cálculo de Tolerâncias Dimensionais e Ajustamentos.
REGRAS E RECOMENDAÇÕES ESPECIAIS
Na prática, há interesse em fixar e adoptar, sempre que possível, um reduzido número de ajustamentos, de modo a tornar mais racional e mais económico o conjunto de ferramentas e de calibres necessários à execução e verificação dos ajustamentos.
Esta escolha baseia-se na prática e leva em conta os seguintes critérios :
- A precisão excessiva é um desperdício muito oneroso. Deve escolher-se a mais larga tolerância possível de modo que a sua não conformidade torne as peças inaceitáveis do ponto de vista de montagem e de funcionamento.
- Em igualdade de circunstâncias, convém prever tolerância mais larga para um furo do que para um veio, porquanto o primeiro é geralmente mais difícil de obter com precisão.
- As tolerâncias escolhidas devem conservar o carácter de folga ou de aperto pretendido para o ajustamento, pelo que se limita a sua variação. Impõe-se assim um limite à soma das tolerâncias das duas peças ( furo e veio ) e que se designa por tolerância de ajustamento.